Vício de fumar – Efeitos na saúde


Vício de fumar – O que é isso?

 O vício de fumar ocorre quando um dos seguintes hábitos são formados:

• Dependência da nicotina ocorre através de fumar cigarros

• Vício de drogas ocorre através de substâncias como maconha, cocaína e heroína

Quando fumar essas substâncias se torna habitual e compulsivo, um vício é formado. Se a substância for evitada, um viciado no fumo passa por sintomas de abstinência porque o corpo tem que se reajustar a funcionar sem a substância.

A pesquisa científica tem mostrado que muitos dos jovens fumantes foram influenciados a começar o hábito ao observar seus amigos e irmãos (ou irmãs) mais velhos fumarem. A susceptibilidade de um adolescente à pressão da sociedade também é afetada pela aprovação ou desaprovação dos pais sobre o fumo. Da mesma forma, propagandas podem reforçar o hábito de fumar. As técnicas de marketing podem dar a impressão de que fumar seja uma norma aceitável socialmente.

Os fumantes rapidamente tornam-se viciados à nicotina e tabaco. Uma pesquisa mostra que os adolescentes têm níveis de dependência da nicotina semelhantes aos dos adultos. Um terço dos fumantes acendem seu primeiro cigarro em menos de trinta minutos depois de acordar. Um em cada doze acendem seu primeiro cigarro nos primeiros 5 minutos. Mais da metade afirma que teriam dificuldades em parar de fumar por uma semana, enquanto 72% afirmaram que iam ter dificuldade de cortar o vício totalmente.

 Jovens fumantes que tentam parar de fumar, principalmente durante os primeiros estágios, passam por sintomas de abstinência semelhantes aos adultos. Leia a história pessoal de como um homem parou de fumar.

Efeitos na saúde causados pelo vício de fumar são vários e começam logo quando o indivíduo fuma seu primeiro cigarro. Fumantes iniciantes são de duas a seis vezes mais prováveis de sofrerem de consequências sérias à saúde do que os não fumantes, tais como tosses, dificuldade de respirar e falta de ar.
 
O mais cedo que os adolescentes começam a fumar, maior o risco de morrerem prematuramente de doença cardíaca, câncer no pulmão e enfisema (dilatação anormal dos espaços aéreos no pulmão). Outras consequências à saúde que os fumantes adultos experimentam são osteoporose acelerada, menopausa precoce e dano à capacidade de reprodução.
 
Se uma mulher grávida fuma, o desenvolvimento do cérebro e o peso do seu bebé são afetados. O bebé também teria um risco maior de SMLS (Síndrome da Morte Súbita do Lactente), hiperatividade e problemas de comportamento. Doenças respiratórias crónicas, tais como bronquite, pneumonia e asma, são significantemente mais comuns em crianças e bebés cujos pai e/ou mãe fumam.
 
Crianças cujos pai e mãe fumam ingerem um nível de nicotina equivalente a 80 cigarros por ano; essa estatística é baseada em níveis de nicotina (um teste padrão de nicotina) na saliva dessas crianças. A saúde da criança é grandemente afetada pelo fumo passivo.
Vício de fumar – Dando um fim ao vício
 As consequências do vício do fumo – dos riscos à saúde aos problemas causados aos entes queridos dos fumantes – são grandes motivos para parar. Do primeiro momento que um fumante rejeita um cigarro, vantagens à saúde começam a ocorrer. A pergunta é essa: como alguém pode superar o vício do fumo? Se um viciado tenta parar de forma brusca, ele ou ela vai passar por sintomas de abstinência severos. Sintomas de abstinência são mudanças físicas e mentais que seguem uma interrupção ou eliminação do uso de certa droga. Quando uma droga à qual o corpo já estava acostumado não é mais ingerida, o corpo entra em um período de reajuste. Se um fumante não está ciente dessa época de reajuste, ele ou ela vai ter maior dificuldade em superar seu vício. Portanto, um fumante não deve tentar parar em ignorância. Ele deve saber o que antecipar.
Muitas pessoas passam por sintomas como irritabilidade, agressão, depressão, inquietação, má concentração, apetite elevado, tonturas, falta de sono e desejo por certas comidas. Esses sintomas geralmente duram entre 2 a 4 semanas, mas um apetite elevado dura por várias semanas.
Um bom plano para superar o vício ao fumo é vital para o sucesso. Algumas dicas para manter em mente:
• Resistir 2 minutos.
• Se a vontade persiste beba um copo de água.
• Anuncie aos familiares e amigos que deixou de fumar.
• Lembre-se que você não tem só o hábito de fumar, tem também o hábito do gesto ou seja, está condicionado pela hora e ir ao bolso para buscar o cigarro. Se pensar você tem os cigarros sempre no mesmo bolso.
• Beba muita água para limpar a nicotina do seu aparelho respiratório.
• Não desista. Vitória completa pode ser conquistada mesmo depois de uma recaída. Tente de novo e preste atenção ao que pode ter causado essa reincidência.
• Lembre-se que Deus pode ajudar.
Leia esta história.

Vício de Fumar - Uma história.

Um dia eu percebi que estava viciado em fumar. Eu sabia que precisava parar, mas não sabia se podia. Quando tentei parar com minhas próprias forças, os métodos de substituição da nicotina não deram certo. Eu estava cansado de tentar parar de fumar e continuar falhando. Estava cansado dos sintomas de abstinência. Finalmente, eu pedi a Deus que me ajudasse a ter vitória sobre o meu vício. Ele tinha me ajudado em outras áreas da minha vida, então eu achei que iria investigar o que Ele tinha a dizer sobre o fumo.
Deus nos providenciou um “manual“ que tem provado ser verdadeiro durante os séculos e que nos ensina a operar o corpo humano: a Bíblia. Será que a Bíblia poderia conter algo para me ajudar a parar de fumar? Apesar de não ser um texto médico, é a Palavra de Deus. Suas páginas contêm princípios fundamentais para uma boa saúde.
Primeiro, a Bíblia nos comanda a não deixar que nossos corpos se tornassem escravos a nada. 1 Coríntios 6:12 diz: "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma." Eu sabia de primeira mão que estava sendo dominado pela nicotina. Eu era seu escravo.
Aquela passagem também diz: "Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus" (1 Coríntios 6:19-20). Eu sabia que fumar era prejudicial à saúde, então era errado fumar. Eu tinha que parar.
Ao confiar que Deus me ajudaria a parar de fumar, pude me livrar dos cigarros permanentemente. Nem sempre tem sido fácil, mas sei que é o certo a fazer. E você? É a melhor decisão para você também? Tenho certeza que sim! Deus quer te ajudar com o seu vício. Você vai deixá-lO?
Deus ama você tanto que enviou o Seu Filho Jesus para morrer por você. Ele quer ter um relacionamento com você. Deus quer libertá-lo do poder aditivo da nicotina. Ao voltar-se a Jesus em arrependimento e fé, você pode experimentar da liberdade de Deus e de Seu amor.

Como Deixar de Fumar - parte 1



Como Deixar de Fumar - parte 2



COMO DEIXAR DE SER FUMADOR


Com a consciência de que se tornou um fumador, o processo que encadeia a dependência química pela nicotina e os hábitos condicionados de fumar, planificamos dois procedimentos, com os quais você irá adquirir novos conceitos que irão nortear a sua conduta diante da vontade de fumar:
1) Será aquele em que você, de uma forma paulatina e gradual, deverá reeducar (readaptar) as células receptoras da nicotina, a receberem quantidades cada vez menores dessa substância;
2) Será aquele em que você se deverá desabituar do seu hábito mental e psicológico de fumar impulsivamente. Pois, uma boa parte dos cigarros que se fuma, é feita de maneira inconsciente, sem se aperceber, mediante algum estímulo externo.
Com uma conduta mental atenta, perceptiva, objetiva e consciente, você erguerá, paulatinamente, o ser livre do vício, através do caminho inverso daquele que o fez construir o ser dependente.
Ao fumar os primeiros cigarros, o vício não existia; com a insistência criou-se, pouco a pouco, o condicionamento mental e psicológico, além da dependência química pela nicotina. À medida que o tempo foi passando, o vício foi dominando, exigindo quantidades cada vez maiores dessa substância.
A viciação ocorreu no sentido de menor para maior intensidade de estímulos cerebrais à reposição da nicotina.
Para libertar-se do vício, você percorrerá o sentido inverso daquele que o levou à viciação, ou seja, de maior para menor intensidade de reposição da nicotina. Nesta fase de descondicionamento mental do hábito de fumar, você reduzirá, gradual e paulatinamente, as quantidades de nicotina ingeridas, neste sentido:
Presença forte > presença leve > ausência total da nicotina.
No início, você deverá ter persistência no auto controle e na atenção constante aos novos conceitos (lembre-se do armistício de paz condicional). À medida que o tempo passar, fase por fase, você irá se fortalecer e os efeitos dos sintomas provocados pela abstinência relativa à nicotina, serão mais suaves e suportáveis.
Pouco a pouco, este "bichinho" será convidado a retirar-se.
Periodicamente, procuraremos reduzir a quantidade de cigarros fumada, até o ponto em que largar de fumar, definitivamente, for menos sofrível.
Este ponto será aquele em que você fumará, com autocontrolo, uma pequena quantidade de cigarros, durante alguns meses.
Lembre-se de que o seu organismo estará se desintoxicando; as células em geral estarão mais oxigenadas; o sangue estará sem a presença das substâncias tóxicas por maior período de tempo; a sua conduta mental será diferente...
Percorrido este tempo, a sua decisão firme e consciente, embasada no seu discernimento, terá de ser tomada: - Não fumarei mais nem um cigarro!
Não pense que não terá vontade, você a terá sim, e muita!
Neste estágio, o seu organismo terá eliminado grandes quantidades de substâncias, que eram supridas por cada cigarro que fumava. Ele ficará menos dependente, a sua vontade ficará mais fortalecida, mais capacitada para romper com o armistício de paz e ir para o combate, expulsando os últimos "bichinhos" que lutarão para retornar.
Lembre-se de que não há nada exterior a você que fará a sua vitória.
Você é o seu próprio construtor! Ergue-se! Lute! Vença!
A pessoa humana tem um padrão de pensamentos que induz a decidir viver sob determinadas opiniões próprias conclusivas (conceitos), impedindo-a de refletir, de meditar, de considerar outras opiniões, diferentes das suas.
Este procedimento, inibe as suas faculdades intelectuais de reflexão, de análise, de ponderação, de moderação, de reconsideração ou de decisão.
Ela deverá corrigir-se e passar a considerar a problemática sob outros ângulos de observação, isto é, analisar considerando as opiniões diferentes das suas, refletindo sob outros pontos de vista.
É, portanto, a reflexão e a meditação que fará com que seja modificado, corrigido e aprimorado os próprios conceitos, a própria maneira de pensar, de agir... e, principalmente, neste caso específico, a de lutar para largar o vício de fumar.
Para tanto, é necessário adquirir consciência sobre o significado deste hábito. Ao parar de fumar, o fumante deixará de "abastecer" o sangue com nicotina, única substância que provoca a dependência química. Em consequência, os níveis dessa substância no sangue irá reduzir, rapidamente. Reler página 44 e porque não pára de fumar de vez?
Como as células cerebrais específicas, receptoras da nicotina, acostumaram-se a recepcionar essa substância, a fim de cumprirem com a sua finalidade específica de neurotransmissores, irão sentir a sua falta e "reclamarão" para que ela seja resposta no sangue. Surge a vontade de fumar.
Acontece que por não fumar mais, a nicotina não será reposta, o que provocará nova "reclamação" dos neurónios, e outra reclamação, e outra ...
Surgirá, então, a crise da abstinência à nicotina, que é a principal causa que faz com que a pessoa volte a fumar, porque os efeitos ou sintomas que provocam são muito desagradáveis: mal-estar generalizado, ansiedade intensa e crescente, insónia, irritabilidade, falta de concentração, dispersão e agitação.
Portanto, ao parar de fumar provoca-se: ausência da nicotina no sangue >> Os neurónios a exigem >> ela não é reposta >> crise intensa de abstinência >> volta-se a fumar.
Eis porque é fundamental adquirir consciência sobre a atitude de fumar. Ela fará com que o fumante utilize, sem vacilar, a sua força de vontade para o objetivo de parar, suportando estes momentos difíceis, sabendo que serão consequentes e passageiros.
Refletindo sobre estes momentos difíceis, verificaremos que são provenientes dos sintomas da crise de abstinência à nicotina e que não é possível não passar por eles. Ora, por serem causadores do retorno ao vício, deve-se procurar aliviá-los até um ponto tal, que se consiga suportá-los para, em seguida, largar definitivamente do vício.
Os sintomas serão aliviados por causa da reposição programada da nicotina no sangue, através da própria prática de fumar, somente aqueles cigarros, cuja vontade provenha da dependência química e de não fumar os que puderem ser evitados.
Perceba que, ao mesmo tempo, se retira e se repõe a nicotina no sangue. Por este motivo o autocontrole sobre a sua vontade de fumar é imprescindível, a fim de progressivamente, eliminar a nicotina e, regressivamente, repô-la no sangue até o momento derradeiro, no qual a decisão de parar de fumar terá de ser tomada.
 
José Carlos Costa

Relação entre câncer e fumo foi encoberta por décadas

"O Cigarro", escrito por Mario Cesar Carvalho, conta a história da indústria tabagista e relata os artifícios usados para manipular a opinião pública. Segundo o autor, a relação entre câncer e fumo é conhecida desde os anos 1950, fatos que foram encobertos por quatro décadas.
[...]
A lista de autores que contribuíram para a série inclui nomes como Drauzio Varella, Alfredo Bosi, Fernando Gabeira, Moacyr Scliar, Marcelo Leite e Rubens Ricupero. Leia, abaixo, um trecho exemplar.
Fraude, corrupção e mentiras
Os caubóis parecem os mesmos de sempre --botas, chapelões, calças justas, laços na mão. A cena lembra em quase tudo um comercial de Marlboro: estão lá a paisagem selvagem, a música grandiloqüente e o ar estóico dos caubóis. O diabo é a ação. Em vez de laçar vacas, como sempre fizeram, eles perseguem crianças, apavoradas com os cavalos que avançam sob uma nuvem de poeira, num tropel de boiada encurralada. A mensagem não é nada sutil: a indústria do cigarro está aliciando adolescentes a laço.
Os caubóis laçadores de crianças, protagonistas de uma propaganda contra o fumo veiculada na TV pelo governo da Califórnia em 1996, marcaram nos EUA o início de uma nova imagem de massa para o cigarro, a qual se propagou pelo mundo feito vírus de computador. O comercial simbolizou o início de uma nova era para o cigarro --a era do ataque. Em vez de sexo, glamour ou aventura, imagens que a indústria do tabaco cultuava desde 1910, o cigarro passou a simbolizar o mal.
O principal argumento de ataque ao cigarro é a defesa da saúde pública. Como a música dos comerciais de cigarro, os números usados para aquilatar o tamanho do desastre também são grandiloqüentes:
- O cigarro matou mais no século 20 que todas as guerras somadas: foram 100 milhões de vítimas, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
- O fumo mata 3,5 milhões de pessoas no mundo ao ano, número superior à soma das mortes provocadas pelo vírus da Aids, pelos acidentes de trânsito, pelo consumo de álcool, cocaína e heroína e pelo suicídio.
- No Brasil, todo ano, morrem 80 mil pessoas de doenças relacionadas ao fumo, quase o dobro das vítimas de homicídio no país.
- O cigarro é o maior causador de mortes evitáveis na história da humanidade.
- O futuro pode ser ainda mais tenebroso. Se os padrões de consumo continuarem inalterados no século 21, o cigarro deverá matar dez vezes mais que no século passado: um bilhão de pessoas, segundo projeção do Banco Mundial e da OMS. Em 2020, as mortes por ano deverão atingir a casa dos 10 milhões, se nada mudar até lá.
Para retratar com mais precisão o tabagismo, elevado à categoria de doença pela OMS a partir de 1992, os médicos colocaram em circulação um termo reservado para ocasiões muito especiais: pandemia, ou epidemia generalizada. O cigarro gerou a maior pandemia da história, na definição da OMS: 1,1 bilhão de pessoas fuma, o equivalente a um terço da população adulta do mundo.
Ataques contra o fumo existem desde que ele chegou à Europa, no final do século 15, para onde foi levado pelas mãos de um capitão da equipagem de Cristóvão Colombo, d. Rodrigo de Xeres, que desembarcara na América em 1492. Que o tabaco faz mal já se sabe desde o século 18, pelo menos.
A novidade que catalisou os ataques foi um cruzamento inédito de fatos, comportamentos e descobertas, ocorrido no final do século 20. Ao brutal consenso científico de que o cigarro causa pelo menos meia centena de doenças, somaram-se uma obsessão com o corpo e com a saúde jamais vista e a descoberta de que a indústria do tabaco cometeu uma sucessão de fraudes, propagou mentiras com ares de controvérsia científica e enganou os consumidores num nível provavelmente inédito na história do capitalismo.
A satanização do fumo não ocorreu por acaso no final do século 20. O puritanismo dominante na sociedade americana e sua repulsa a todo e qualquer tipo de prazer receberam uma chancela científica ao ter escolhido o cigarro como alvo. Não é um prazer qualquer que está na mira - é um prazer que mata. Um puritano jamais conseguirá entender uma das definições de Cícero (106-43 a.C.) para a felicidade: "Vive-se bem quando se é capaz de desprezar a morte".
O poder das empresas que fabricam cigarros também ajudou a galvanizar o ódio ao fumo. Se fosse contada só com os fatos que a indústria escondeu ou deturpou, a história do cigarro seria uma sucessão de fraudes, corrupção e mentiras. As duas maiores fraudes praticadas pela indústria parecem hoje risíveis diante das provas científicas:
Os fabricantes de cigarro tentaram criar um clima de controvérsia para um fato que eles próprios conheciam desde os anos 50 e só admitiram 40 anos depois - o de que o cigarro provoca câncer de pulmão.
Eles também negaram o tempo todo que o cigarro fosse uma droga que causa dependência, pior até do que aquela provocada pela cocaína e heroína, porque nenhum usuário dessas duas drogas consome-as com a mesma freqüência que um fumante.
Isso aconteceu praticamente no mundo todo. Mas nos EUA o consumidor sente-se afrontado quando é iludido. Ele então luta por seus direitos em tribunais, como se estes fossem um dos últimos resquícios da democracia moderna que eles ajudaram a criar. A mensagem parece ser a seguinte: "Agora que as grandes empresas mandam em tudo, vamos mostrar que esse poder tem limites". Foi por isso que a história do cigarro no final do século 20 virou caso de tribunais.
Este livro tem uma ambição prosaica: tenta resumir a história do cigarro com base nos conflitos entre a ciência e a indústria, entre o prazer e o risco. Parte de fatos recentíssimos (a revelação de milhares de documentos secretos dos fabricantes de cigarros nos EUA a partir dos anos 90, documentos estes praticamente desconhecidos no Brasil), passeia pelos 40 anos de mentira da indústria, retrata como nosso país entrou nessa briga, mostra que o antitabagismo tem 500 anos e discute qual o futuro da droga que, ao lado da cafeína, é a mais popular da história --ela seduz um quinto do planeta e tem vendas de US$ 300 bilhões por ano.
"O Cigarro"
Autor: Mario Cesar Carvalho
 


FUMO É INIMIGO Nº1

Maria João Marques Gomes preside à Sociedade Portuguesa de Pneumologia e é directora deste mesmo serviço no Hospital Pulido Valente, em Lisboa.
Correio da Manhã – Uma das conclusões que salta à vista no Livro Branco é o aumento relativo das doenças respiratórias no futuro próximo. A que se deve esse aumento?
Maria João Gomes – O aumento das doenças respiratórias deve-se a duas ordens de razões. Por um lado, os avanços na medicina levam a que as pessoas morram menos de outras doenças, acabando por sucumbir às doenças respiratórias no final da vida. E também entre as crianças também muitas hoje morrem por doenças respiratórias quando antes nem sequer sobreviviam à nascença, como os prematuros.
– Não parece paradoxal que os avanços na medicina se traduzam num aumento relativo das doenças respiratórias?
– Segundo a Organização Mundial de Saúde, a bronquite crónica é actualmente a sexta causa de morte. Em 2020 será a terceira. Por outro lado, a mudança nos hábitos de vida como o tabagismo (cujos efeitos só a prazo se fazem sentir), o sedentarismo e a poluição. Também falo nestes aspectos, mas o tabaco é de longe o mais grave.
– Mais uma vez, nas doenças de foro respiratório como no coração, o tabaco aparece como inimigo público n.º 1. Se o tabaco fosse eliminado, acabavam as doenças?
– Se acabasse o consumo de tabaco diminuíam consideravelmente as doenças respiratórias. Há doenças que se podem quase considerar como provocadas pelo tabaco, como o cancro do pulmão ou da laringe (90 por cento dos casos são de fumadores). Por outro lado, há doenças que não sendo provocadas pelo fumo são por este agravadas, dificultando o respectivo tratamento. Estão neste segundo caso, a asma, pneumonias e as próprias constipações. Um dos objectivos principais para a saúde pública é o combate ao tabagismo.
– Uma das formas é a prevenção e é visível a aposta feita nos mais diversos níveis, mas como pretende convencer alguém que fuma e se sente bem a deixar de o fazer?
– Fumar sabe bem. Se não ninguém fumava. Os fumadores, mesmo que se sintam bem, devem perceber as consequências a prazo e aquilo que têm a ganhar em qualidade de vida com o deixarem de fumar. Uma pessoa pode sentir-se bem, mas se perceber que pode desenvolver a prazo uma bronquite crónica se calhar já não se sente tão bem. Acredito que a motivação é essencial para alguém deixar de fumar.
– Quais são as principais preocupações nesta área?
– Em primeiro lugar, há muitos especialistas com mais de 45 anos e poucos com menos do que essa idade. A prazo, vamos ter um problema de falta de especialistas nesta área.
– De quem é a responsabilidade por esse futuro problema?
– Falta de planeamento ao nível da formação e de recursos. Há excesso de recursos nalguns lados e falta noutros. A racionalização dos meios compete às autoridades políticas.
– Duas sugestões para melhorar o estado das coisas.
– Em primeiro lugar, melhor articulação entre os cuidados primários e os cuidados especializados. Depois, maior investimento nos cuidados de apoio ou rectaguarda. Por que havemos de ter camas de cuidados intensivos nos hospitais ocupadas por doentes crónicos em fase terminal, quando estes só precisam de cuidados paliativos e de enfermagem?

A ÁGUA E A BOA SAÚDE


















Beba agua, para bem da sua saúde


Para uma pessoa saudável e em condições normais, a sede é um mecanismo fiável para indicar que o organismo necessita de mais fluídos.
Contudo, a sede não indica que tipo de bebida devemos ingerir.
Todos os anos se gastam muitos milhões em publicidade para nos levarem a consumir esta ou aquela bebida.
Mas aquilo de que realmente necessitamos é apenas de água.
A água representa cerca de 85 por cento do nosso cérebro, cerca de 80 por cento do sangue e quase 70 por cento dos tecidos musculares. Todos os sistemas do nosso organismo dependem da água.


Dado que mais de metade do nosso corpo é constituído por água, não se torna difícil compreender que beber as quantidades necessárias é fundamental para manter uma boa saúde. Na verdade, não se pode sobreviver sem ela.
Entre muitas outras coisas, a água regula a temperatura do corpo, contribui para a eliminação de resíduos através da urina e transporta os nutrientes, o oxigénio e outras substâncias através do corpo.
É também a água que evita a obstrução intestinal. Para além disto, a água permite dissolver as vitaminas, os minerais e os outros nutrientes, tornando-os acessíveis para todas as células que constituem o nosso organismo.
Há permanentemente uma enorme corrente de água num e noutro sentido entre os órgãos e os tecidos.
A sede mostra-lhe o caminho
É frequente ler-se ou ouvir-se dizer que um adulto saudável precisa de ingerir diariamente pelo menos oito copos de água. Esta ideia não está fundamentalmente errada, mas, para a esclarecer melhor torna-se conveniente aprofundar um pouco mais o delicado equilíbrio entre os fluídos ingeridos e a sua perda.
Um ser humano perde cerca de 2,4 litros de fluídos por dia, o equivalente a 10 copos, através do suor, da urina, do ar expelido e pela evacuação.

Para repor os níveis de fluídos necessários ao funcionamento equilibrado do organismo não é necessário beber apenas água simples. Na verdade, a água encontra-se presente tanto nos alimentos sólidos quanto nas restante bebidas que ingerimos.
Os alimentos sólidos, por exemplo, podem fornecer diariamente o equivalente a três ou quatro copos de água.
No entanto, é difícil avaliar com todo o rigor qual é a quantidade exacta de água absorvida através destes alimentos, uma vez que a sua composição é muita diversificada. Por isso, uma vez que a contabilização da água ingerida por este processo é de cálculo difícil, o indicador mais seguro para avaliar as verdadeiras necessidades de água continua a ser a sede.

Nada como a água

Se é verdade que se pode afirmar que, para um adulto com rins e pulmões saudáveis, a quantidade mínima de água necessária ao corpo são, em geral, oito copos diários, é preciso também não esquecer que existem também grandes variações individuais.
Ou seja, a tabela dos oito copos de água por dia não pode ser aplicada de uma forma demasiado rígida porque, na verdade, depende de muitos factores.
Por exemplo, ao contrário do que por vezes se imagina, as bebidas com cafeína e as bebidas alcoólicas acabam por ter um efeito desidratante, uma vez que provocam uma acrescida necessidade de urinar, levando assim à eliminação de uma grande quantidade de água. Por esta razão, não se pode contar com estes tipos de bebidas para repor as perdas de fluídos.

Assim, fica mais uma vez demonstrado que deve ser a sede a indicar o caminho.
Por outro lado, para quem sofre de pedra nos rins é altamente recomendado beber mais de oito copos de água por dia.
Para além disto, foi também já amplamente demonstrado que se torna necessário ingerir quantidades extra de água em situações que podem conduzir à desidratação, como a subida da temperatura, a prática de exercícios físicos, etc.
Uma vez que as verdadeiras necessidades de água por parte de cada organismo podem variar, pode-se então concluir que o importante para a saúde é beber. E para se saber quanto é que se deve beber, basta deixar que a sede o determine.
Seja qual for a situação, o melhor é jogar pelo seguro, fazendo um esforço consciente para manter o organismo permanentemente bem hidratado. Beber água em quantidades suficientes é uma autêntica salvaguarda para a saúde.
Está sempre com sede?
Se verificar que está sempre com muita sede deve, sem perder tempo, recorrer ao médico para averiguar as causas dessa situação.
Para muitas pessoas, a necessidade de ingestão de grandes quantidades de água pode não estar relacionada com nenhum tipo de doença. Mas para outras, beber e urinar muito podem ser sinais de doenças graves.
Um aumento da sede e da urina, tanto em volume como em frequência, podem ser sintomas de diabetes.

PELA SUA RICA SAÚDE NÃO FUME

 
Os malefícios do tabaco
Os fumadores têm em média menos 10 anos de vida do que os não fumadores. Isto porque as substâncias absorvidas destroem alguns órgãos importantes ao mesmo tempo que fragilizam o organismo em relação a vírus e a doenças oportunistas.
A doença mais vulgar associada ao consumo do tabaco é o cancro. Este pode ocorrer não apenas nos pulmões, mas também na laringe, na faringe ou na boca.
Os problemas respiratórios também se agravam, podendo surgir bronquites crónicas ou enfisemas, e ficando os fumadores mais susceptíveis de apanhar constipações.

O sistema cardiovascular é igualmente afectado na medida em que tabagismo é, sem dúvida, um risco cardíaco, favorecendo o aparecimento da Angina de Peito e do Enfarte do Miocárdio.
No nosso país o consumo de tabaco atinge cerca de 20 por cento da população, com predomínio de três homens e meio para cada mulher.
Mas são as mulheres que vieram manter os níveis do consumo, pois os homens presentemente fumam menos; as mulheres, que até há cerca de trinta anos praticamente não fumavam, começaram a partir de então a consumir cada vez mais tabaco.
Mas estas são apenas as mais conhecidas, pois a lista de problemas de saúde associados ao tabaco é extensa. Mais alguns exemplos:
  • o envelhecimento precoce com o aparecimento de rugas e cabelos brancos;
  • a tosse crónica também é bastante vulgar entre os fumadores, e na maior parte dos casos indicia problemas respiratórios mais graves;
  • o cheiro do tabaco é bastante desagradável e bastante difícil de retirar das roupas e das casas, mas também leva a uma diminuição das capacidades olfactivas;
  • os dentes também sofrem as consequências do tabaco, enfraquecendo e ficando amarelados;
  • o fumo aumenta o risco de Doenças Reumáticas;
  • o tabaco pode causar a infertilidade tanto em homens como em mulheres, ocasionando ainda outras doenças do aparelho reprodutor.
Esta extensa lista de doenças contribui certamente para que um fumador pense duas vezes no seu hábito e equacione os custos e as consequências para a saúde que ele provoca.
A própria Organização Mundial de Saúde estima que mais de 100 milhões de pessoas irão morrer devido ao consumo do tabaco nas duas primeiras décadas do sec. XXI.
A causa de morte mais evitável que se conhece
O seu farmacêutico confirmará que pode deixar de fumar com sucesso desde que esteja bem motivado para a desabituação tabágica e convencido dos benefícios que irá usufruir com o abandono do tabaco. E não deixará de lhe recordar que uma desabituação tabágica será tanto mais eficaz quanto se inserir num programa de vida mais saudável.
O hábito de fumar é adquirido, regra geral, durante o período da adolescência e as explicações para a sua aquisição estão hoje claramente identificadas, com destaque para a imitação do adulto, o modo de inserção no grupo de pertença e o desejo de afirmação.
Adquirido o hábito, fica-se, sobretudo, com dois tipos de dependência: a psicológica e a física, qualquer delas um entrave sério para deixar de fumar. E deixar de fumar constitui um rol de benefícios que ninguém deve ignorar.
Assim, logo no primeiro ano de abandono do fumo, dá-se uma melhoria da circulação sanguínea e da função pulmonar, diminuindo para metade – comparativamente a um fumador – o risco da doença cardiovascular.
E, após 10 anos sem fumo, o risco de aneurisma é tão baixo como para um não fumador; o risco de cancro é substancialmente menor e, após 15 anos sem fumar, a esperança de vida é equivalente à de um não fumador crónico.
Apesar de serem conhecidos e estarem profusamente difundidos os efeitos nocivos do tabagismo, o acento tónico de promoção para a saúde, nos dias de hoje, aposta mais nas vantagens do seu abandono que no uso de uma comunicação centrada nos malefícios do tabaco, que deixa sobretudo a generalidade dos jovens insensíveis.

Pois bem, as observações que adiante se alinham, partem do pressuposto de que o leitor é fumador ou tem, pelo menos, um fumador na família e que o diálogo com o profissional de saúde (médico ou farmacêutico) se orienta para conhecer os métodos que mais comprovadamente contribuem para deixar de fumar.
Vale a pena sublinhar que, exactamente por não haver dois fumadores iguais, os métodos de escolha para a desabituação são diferentes e devem ser seleccionados individualmente.
Pensando nas consultas de apoio ao fumador, recorda-se que estão em funcionamento centros de desabituaçãotabágica nos serviços de Pneumologia dos hospitais Pulido Valente e Santa Maria, em Lisboa, nos hospitais da Universidade, em Coimbra e São João, no Porto.
Motivação pessoal, a chave do sucesso
A motivação é o ponto fulcral para um abandono definitivo e qualquer tipo de ajuda sem motivação leva, inevitavelmente, ao insucesso.
As ajudas mais eficazes são as pastilhas elásticas com nicotina e os pensos nicotínicos, vendidos obrigatoriamente nas farmácias. Segundo a opinião dos peritos que trabalham no programa "Europa contra o Cancro", os substitutos da nicotina apresentam bons indicadores de sucesso.
Como actuam?
A cura desenvolve-se em duas fases: primeiro, elimina-se o hábito de fumar e, depois, suprime-se progressivamente a dependência da nicotina. Na primeira fase, o corpo continua a receber a dose de nicotina a que está habituado, mas não os restantes componentes nocivos do cigarro.
Os substitutos são comercializados sob a forma de emplastros (para colar na pele) e pastilhas elásticas. Estas não fornecem nicotina constantemente, mas procuram substituir o desejo intermitente de acender um cigarro. Com os emplastros a situação é diferente: fornecem nicotina de forma contínua, e em quantidade suficiente para evitar que se tenha vontade de fumar.
Há, evidentemente, outros métodos que o próprio Conselho de Prevenção do Tabagismo reconhece como credíveis, como é o caso do "Método dos 5 Dias", das ajudas psicológicas com recurso a terapias de grupo com ex-fumadores e as estratégias baseadas na aversão ao tabaco.
Pretende-se também deixar claro que não há métodos infalíveis para deixar de fumar e o número de tentativas também não conhece limite, nem o fumador se deve envergonhar por superar as recaídas, devendo insistir continuamente na desabituação tabágica.
Dialogar com o profissional de saúde
Chegou o momento de imaginar uma conversa entre aquele que quer deixar de fumar e o profissional de saúde.
Em primeiro lugar, deve acreditar que o abandono do tabagismo comporta benefícios a todos os níveis (saúde, higiene, economia, conforto...) e não é por acaso que algumas das estratégias de prevenção tabágica recorrem a consignas do tipo "tem tudo a ganhar em não fumar".
Segundo, convém informar-se quanto aos métodos existentes e sua complementaridade (alimentação, ocupação de tempos livres desincentivadores do hábito de fumar, a vantagem, na fase inicial, em evitar ambientes de fumadores, entre outros).
Terceiro, e até para confirmar a natureza das estruturas de apoio a quem decide deixar de fumar, deve contactar o Conselho de Prevenção do Tabagismo (Av. dos EUA, 53 D - 4º, 1750-165 Lisboa, Telef: 21 846 42 19) onde pode solicitar material pedagógico-didáctico, caso do guia de distribuição gratuita "O melhor é não fumar".
Quarto, pela acessibilidade e pelo facto de a farmácia ser, por definição, um espaço onde não se fuma, é recomendada uma conversa com o farmacêutico, no sentido de este lhe explicar mais detalhadamente os benefícios e as técnicas que pode utilizar (existe, na sua farmácia, um desdobrável de distribuição gratuita, intitulado "Deixe de fumar, defenda a sua saúde e a dos outros"), podendo proceder à apresentação e exemplificação desses mesmos métodos e técnicas.
Certamente que o seu farmacêutico lhe confirmará que pode deixar de fumar com sucesso, desde que esteja bem motivado para a desabituação tabágica e convencido dos benefícios que irá usufruir com o abandono do tabaco.
E seguramente que este não deixará de lhe recordar que uma desabituação tabágica será tanto mais eficaz quanto se inserir num programa de vida mais saudável.
A inteligência e o tabaco
Jean Nicot o responsável pelo nome atribuído a uma das substâncias activas do tabaco: a nicotina.
Mas de facto a nicotina é apenas um dos produtos nefastos para a saúde, a que se expõe quem fuma ou quem vive na vizinhança dum fumador. Ao consumir-se, o tabaco produz monóxido de carbono e alcatrão, que ajudam às suas acções prejudiciais no organismo humano.
São estes três agentes que provocam a dependência física e psicológica que se traduz em irritabilidade, redução da memória, da inteligência, da concentração, da atenção, do interesse sexual.

Sem fumar, o dependente do tabaco "não funciona" e por isso atribui erradamente ao tabaco um efeito estimulante, pelo menos intelectual.
Na realidade ao saturar novamente os receptores das células cerebrais com nicotina, os sinais de privação do tabaco desaparecem e é possível recuperar a estabilidade emocional e voltar a usar as funções intelectuais.
Quero contudo esclarecer que o fumador, ao fumar, por causa do monóxido de carbono que se produz na combustão do tabaco, diminui a capacidade do sangue de conduzir oxigénio às células.
No nosso organismo as células mais sensíveis à diminuição do fornecimento do oxigénio, são as células do cérebro. Deste modo se o fumador recupera as capacidades intelectuais, estas serão muito provavelmente menores do que aquelas de que disporia se usasse o mesmo cérebro que a natureza lhe deu, convenientemente oxigenado.
O que lhe quero transmitir em síntese nesta crónica, é que se é fumador, poderá aumentar o seu capital intelectual… se tiver força de vontade para deixar de fumar.
Fumar ou não... A opção é de cada um
Quando lemos e ouvimos que em vários países do mundo se publicam leis contra os fumadores, quando nos locais de trabalho, restaurantes, lugares públicos, os fumadores são descriminados e punidos, lembro-me da opinião de um colega e amigo, infelizmente já falecido, que noutro contexto, dizia que a "lei da zurzidela" se dava mal com o nosso Povo.
De facto proibir, zurzir, discriminar… é um convite à revolta, à reacção contrária à que a proibição pretende impor. Por defeito ou qualidade somos assim.
Bastaria isto para que as campanhas contra o tabaco devessem evitar a "zurzidela", mas outras razões não menos importantes como o respeito pela liberdade individual, ou o paradoxo de não existirem leis rígidas, (ou existirem mas não serem cumpridas) em relação à poluição maciça, não só do ar respirável, como de todo o ambiente em que vamos conseguindo viver, levam-me a considerar que a campanha anti-tabáquica deverá apenas veicular a informação de como fumar faz mal.
A decisão ficará com cada um!
Por este motivo venho recordar que todos nós nascemos com uma carga genética que nos marca e que influi muito ou determina mesmo o aparecimento de várias doenças. A diabetes, a hipertensão arterial, o excesso de peso… são exemplos disso. Algumas medidas comportamentais poderão modificar o início ou gravidade dessas doenças, mas é muito difícil ou impossível impedir que se manifestem em maior ou menor grau.
O médico ao tratar a diabetes, por exemplo, actua no sentido de prevenir as conhecidas complicações da doença (insuficiência renal, baixa de visão, alterações dos nervos periféricos, doenças do coração, etc.). Na verdade o médico propõe com a medicação e a dieta, a prevenção possível das complicações de uma doença impossível de evitar.
Ora bem, a mensagem que quero deixar-lhe meu caro fumador, é que de todas as doenças as que são mais fáceis de evitar quer no seu aparecimento, quer no agravamento progressivo que tantas vezes arrasta graves incapacidades físicas e intelectuais, são as doenças provocadas pelo tabaco. As " doenças do tabaco" são as mais eficazmente evitáveis de todas as doenças que enchem os tratados de medicina… porque para tanto é suficiente deixar de fumar!
O Tabaco, a mãe e o bebé
Nos últimos 30 anos assistiu-se a uma mudança de hábitos nas mulheres. Até aos anos 60, fumar, era em comportamento quase exclusivo do homem. Algumas décadas antes era pouco aceite socialmente, que uma senhora fumasse.
A partir da década de 70 os homens começaram a fumar menos e as mulheres passaram a fumar mais. Como seria de esperar a incidência de algumas doenças aumentou nas mulheres, como o cancro do pulmão.
Mas o facto de a mulher jovem fumar criou um outro problema que transcende a fumadora. Refiro-me à mulher que fuma durante a gravidez. De facto fumar não faz só mal à futura mãe, tornando-a mais propensa à bronquite crónica, à sinusite, à dispepsia obrigando-a a tomar remédios potencialmente perigosos para o desenvolvimento do feto e reduzindo a sua capacidade física que deve manter-se alta durante toda a gravidez e em particular no esforço do parto.
A nicotina do sangue da mãe passa ao seu bebé e vai provocar-lhe alterações conhecidas. Quando a mãe está a fumar o coração do bebé bate mais depressa e o sangue que o alimenta e lhe conduz o oxigénio, leva alcatrão, monóxido de carbono e menos oxigénio. Não se sabe ainda a totalidade dos efeitos que estes factos provocarão no desenvolvimento psico-motor da criança e na susceptibilidade futura para determinado tipo de limitações ou de doenças.
O que se sabe com segurança é que as mães fumadoras têm maior risco de ver precocemente interrompida a sua gravidez ou de terem um parto antes do termo.

Sabe-se também que os bebés das fumadoras nascem com menos peso e que se atrasam no crescimento, se a mãe fumar durante o período de aleitamento.
É conhecido que algumas doenças alérgicas são mais frequentes nos filhos das mulheres que fumam durante a gravidez, com o eczema alérgico.
Também o tabaco parece ser responsável por problemas de comportamento nos 3 primeiros anos de desenvolvimento da criança (agressividade, oposição, agitação).
Arranjar forças para deixar de fumar
Não se consegue com um simples estalar dos dedos. Deixar de fumar exige preparação, investimento e, sobretudo, uma forte motivação. Não recomeçar é o maior desafio. De facto, durante o primeiro ano, nove em cada dez pessoas sucumbem de novo aos apelos do cigarro. Mas, se é verdade que não é fácil deixar de fumar, também é verdade que não é impossível. O mais difícil é decidir que se vai deixar de fumar. Mas logo que se aceita a ideia entra-se no bom caminho.
Parar definitivamente exige uma grande coragem. Podem-se distinguir três espécies de fumadores. O impenitente fuma por prazer. O compulsivo para preencher lacunas de qualquer ordem. E o fumador-vítima, que está consciente dos riscos que a sua saúde corre e se sente culpabilizado. Embora o primeiro seja um mau candidato à interrupção do vício, qualquer fumador pode reaprender a viver sem tabaco.
As explicações do fumador podem ser múltiplas: o stress, a falta de coragem, a necessidade de fumar para ser capaz de trabalhar ou o cigarro para ganhar confiança em público são apenas algumas das justificações mais ouvidas.

Primeiros passos
Para 90 por cento dos fumadores, a associação tabaco/bem-estar é sentida muito rapidamente e torna-se um reflexo comportamental. A esta dependência psicológica junta-se a necessidade fisiológica: o corpo reclama a sua dose. É esta última necessidade que explica por que se fuma muito mais do que aquilo que realmente se deseja.
Para determinar a verdadeira dependência, o melhor será fazer uma tentativa durante um dia, se for possível uma semana, e constatar quando é que o cigarro lhe faz mais falta: de manhã, ao levantar, após o café...? E em que estado se encontra: irritável, ansioso, liberto...? Desta forma, será possível saber se é necessário recorrer a um auxiliar para deixar de fumar. Em caso afirmativo, o próximo passo é escolher um dos numerosos métodos existentes.
Para fazer uma boa escolha, compare as experiências de antigos fumadores. Pode utilizar substitutos nicotínicos como as gomas de mascar ou os patches transdérmicos para diminuir os efeitos da dependência fisiológica. Mas também pode optar por métodos não medicamentosos como a relaxação para combater a ansiedade excessiva.
O mito do aumento de peso
Se tem medo de engordar, é sempre possível consultar um nutricionista. No entanto, o aumento de peso na sequência da interrupção do hábito de fumar não é assim tão importante como geralmente se pensa; em média 2,8 quilos para os homens e 3,8 para as mulheres. Nada que não seja possível recuperar com facilidade.
Há duas maneiras de evitar o aumento de peso. Uma delas é fazer um regime antes de deixar de fumar, o que é preconizado por vários especialistas. A outra é praticar desporto e vigiar a alimentação, evitando as gorduras, consumindo mais frutos e bebendo muita água. Mas convém não exagerar: está a deixar de fumar, não de comer.
O que importa é querer
Uma coisa é certa: aquilo que é mais necessário é a motivação. É inútil tentar abandonar o tabaco se não se tem realmente vontade de o fazer ou se não se sabe porquê. Por outro lado, quem estiver a viver um momento difícil - luto, depressão, desgosto amoroso - o melhor será deixar a experiência para outra altura.
Importante durante o difícil período inicial, que pode durar de um mês a um ano, é encontrar um paliativo para o tabaco. Uma coisa qualquer que preencha o vazio deixado pela ausência do cigarro.
Quando o desejo é muito forte, torna-se necessário focar a atenção noutra coisa: por exemplo, contar até 100, respirar profundamente, mascar uma pastilha. Tudo isto para descondicionar o reflexo-cigarro. Cada um deverá encontrar as soluções mais adequadas. Ninguém disse que é fácil, mas também ninguém disse que é impossível.
A nocividade do tabaco
Os malefícios do tabaco explicam-se em grande parte pelas minúsculas gotas de alcatrão nele incluídas. Este alcatrão contem substâncias cancerígenas e co-cancerígenas: isto é, tanto provoca o cancro como acelera a produção das células cancerosas.
O fumo é também composto por 2 a 6 por cento de monóxido de carbono, um gás tóxico que dificulta o transporte e utilização do oxigénio.
Estes compostos irritantes alteram o funcionamento dos pêlos microscópicos que libertam os pulmões das partículas indesejáveis. Perturbando o equilíbrio pulmonar, o fumo do tabaco torna-o mais susceptível às doenças respiratórias.
Quanto mais fumar pior
O risco de cancro do pulmão aumenta com o número de cigarros fumados por dia, com o seu teor em alcatrão e nicotina e com o número de anos de tabagismo.
É possível avaliar a probabilidade de cancro bronqueopulmonar a partir do número de maços consumidos por ano.
Basta multiplicar a quantidade de maços fumados por dia por metade do número de anos em que se fumou.
Os que fumam um maço por dia durante 40 anos, ou dois por dia durante 20 anos, são considerados como o grupo de risco máximo.
Este grupo expõe-se a um risco de cancro do pulmão vinte vezes superior quando comparado com o dos não-fumadores.
E quanto mais se fuma, mais esse risco aumenta. Até mesmo os pequenos fumadores, que se limitam a menos de dez cigarros por dia, vêm o risco de contrair cancro pulmonar multiplicado por cinco.
As mulheres são cada vez mais atingidas
Os homens são ainda mais atingidos do que as mulheres... por enquanto. No total dos óbitos masculinos, 20 por cento devem-se ao tabagismo. Estes números são ainda muito inferiores para as mulheres. No entanto, a população de fumadores está a feminizar-se muito rapidamente e os casos de cancro do pulmão aumentam muito rapidamente entre as mulheres.
Para tentar limitar as consequências, muitas pessoas estão a consumir cigarros light. Mas o seu uso é muito controverso. De facto, o fumador adapta espontaneamente a sua maneira de fumar aos cigarros que utiliza, compensando a falta de nicotina com inalações mais profundas e mais frequentes. Acontece que, assim, acaba por fumar mais cigarros.
Dez anos para diminuir os riscos
Fumar exclusivamente cachimbo ou charuto também tem os seus inconvenientes: é certo que o risco de cancro pulmonar é menor, mas aumentam os casos de cancro da garganta ou da boca.
Não vale a pena procurar uma maneira de fumar sem perigo, porque é coisa que não existe. Fumar é sempre nocivo.
Só deixar de fumar oferece vantagens. Além do ex-fumador reencontrar as suas capacidades respiratórias, o risco de contrair cancro diminui, lenta mas seguramente com o decorrer do tempo.
Considera-se geralmente que para os grandes fumadores o risco persiste durante os primeiros anos, para se amenizar e tender a ser idêntico ao dos não-fumadores ao cabo de dez anos. Entre os pequenos fumadores, o risco diminui muito mais rapidamente.
Os grande fumadores devem, a partir dos 40 anos, fazer uma radiografia pulmonar de controlo de doze em doze meses. Mas o fumador deve manter-se vigilante quanto a eventuais sinais de alarme, o mesmo acontecendo, durante dez anos, com os ex-fumadores. A vigilância é fundamental.
O tabagismo passivo
Hoje já não é possível continuar a afirmar que "se fumo, o problema é meu". Se as consequências do fumo sobre as pessoas que rodeiam o fumador são menos nocivas do que as do tabagismo activo, são no entanto de considerar. E especialmente sobre as pessoas já doentes, como os asmáticos e os insuficientes respiratórios ou coronários.
Em caso de exposição intensa e regular, mesmo os não-fumadores podem vir a sofrer complicações várias.
Milhares de pessoas são anualmente atingidas por cancro brônquico devido ao fumo dos outros.
Nos casais de fumadores adultos o risco de cancro do pulmão é multiplicado por dois.
Vítimas indefesas
Nas crianças, as consequências do tabagismo são tais que é fortemente recomendado às mães que parem de fumar, pelo menos durante a gravidez e período de aleitamento. Os bebés vítimas de tabagismo passivo sofrem de um peso inferior na altura do nascimento, de um desenvolvimento pulmonar mais reduzido e mostram-se mais susceptíveis a morte súbita.
Após o nascimento, os riscos de otites e de infecções das vias respiratórias aumentam, ao mesmo tempo que a asma se pode agravar e até tornar-se crónica. A grávida, se não for capaz de abandonar totalmente o tabaco, não deverá ultrapassar os cinco cigarros diários.
Depois do nascimento, os pais devem evitar fumar nas salas onde se encontram os filhos. Mas o melhor seria mesmo deixar de fumar. Além de benefícios imediatos para a saúde dos miúdos, está provado que os filhos dos fumadores, mais tarde, fumam muito mais do que os filhos dos não-fumadores.
O TABACO E O CANCRO: OS VERDADEIROS RISCOS
O cancro do pulmão é uma doença paradoxal: extremamente grave, poderia muito bem ser evitada na maioria dos casos. Bastava deixar de fumar ou, melhor ainda, nunca ter começado.
Um fumador perde oito anos de vida em relação a um não-fumador. Na verdade, 70 por cento dos não-fumadores ultrapassam os 70 anos, o que só acontece a 46 por cento dos fumadores.
O tabaco figura à cabeça de todas as causas conhecidas de cancro. É responsável por 90 por cento dos casos de cancro do pulmão, a primeira causa de morte por cancro nos homens e a segunda na mulher, depois do cancro da mama.
Outros factores ambientais podem também ser incriminados pelos cancros brônquicos como o amianto, o ferro, o níquel ou a proximidade de matérias radioactivas. Quando associado a estes produtos, o tabaco actua dramaticamente, multiplicando-lhes o efeito cancerígeno.
SINAIS DE ALARME
Tosse inabitual e persistente
Sangue na expectoração
Dores no tórax
Dificuldades respiratórias
Estes sinais não são específicos do cancro, mas exigem uma consulta médica
NÃO SÓ O PULMÃO
Se o cancro do pulmão é o primeiro dos tumores ligados ao tabagismo, não é o único. O tabaco é também um dos principais factores responsáveis pelos cancros da boca, da garganta e do esófago. Este risco é ainda aumentado pelo consumo do álcool, mesmo quando moderado. Fumar está também na origem dos cancros do aparelho urinário, pois os alcatrões tabágicos cancerígenos são armazenados na bexiga antes de serem eliminados na urina. As doenças cardiovasculares e as doenças respiratórias crónicas são igualmente patologias directamente ligadas ao tabagismo.
Nas mulheres, a associação tabaco e pílula contraceptiva é fortemente desaconselhada, pois multiplica por dez o risco de enfarte