NÃO AO TABACO

VALERÁ A PENA PARAR DE FUMAR?







VALERÁ A PENA PARAR DE FUMAR?
P: Porquê toda esta preocupação acerca do tabaco? Os cigarros, charutos e cachimbos não existem já há centenas de anos?
R: O tabaco foi trazido para a Europa a partir da descoberta da América por Cristóvão Colombo. Desde então, o mundo ocidental fuma – de início, cachimbos e charutos manufacturados. O avanço triunfante começou quando foi inventada uma máquina para produzir cigarros, bem como quando se descobriu que a secagem artificial das folhas tornavam o tabaco mais suave e melhor tolerado.
De 1885 a 1900, a produção de cigarros foi duplicada. Durante a Primeira Grande Guerra, aumentou vinte vezes mais. Entre 1920 e 1960, a produção de cigarros aumentou novamente, agora dez vezes. Também foi neste período que as mulheres começaram a fumar cada vez mais e em maior número.
Após a publicação, em 1964, do primeiro relatório sobre a nocividade do tabaco, pelo American Ministry of Health, houve uma regressão temporária. Em breve, as vendas voltaram a aumentar e tiveram o seu clímax em 1981, com 641 triliões de cigarros. Este aumento dramático no consumo de cigarros trouxe muitas mortes consigo. Recentemente, tem havido uma ligeira, mas segura, regressão do uso de tabaco nos Estados Unidos da América, devido à consciencialização pública e às leis reguladoras, mas a indústria do tabaco tem vindo agora a constituir os países de Leste como novo alvo.

P: Qual é a diferença entre um vício e um hábito enraizado.
R: Quer o vício, quer o hábito, influenciam a nossa mente; mas só o vício causa dependência fisiológica. Para além disso, produz uma irresistível ânsia pela substância que causa a dependência. O corpo requer o constante aumento da substância para obter um efeito satisfatório.
Quando uma pessoa abandona um hábito ou um vício, experimenta vários níveis de dor emocional. Mas, no caso do vício, há também sintomas físicos de abstinência, os quais causam sérios distúrbios nos processos fisiológicos do corpo e podem inclusivamente atentar contra a vida.

P: Podem os animais ficar dependentes?
R: Sim. As substâncias químicas não fazem diferença entre organismos humanos e outros seres. Existe, contudo, uma diferença nas respostas à dependência. O comportamento e a conduta básica dos animais são condicionados. Os humanos podem racionalizar e elaborar um largo espectro de emoções e sentimentos, podendo também aprender com o ambiente que os rodeia. O cérebro humano é distinto do dos animais, tendo a capacidade de optar e decidir. Além disso, existe a dimensão espiritual, que todos temos: o desejo inato de algo melhor, o propósito da nossa existência.

P: Os bebés nascidos de mães fumadoras nascem dependentes?
R: Sim. A nicotina atravessa a barreira formada pela placenta com facilidade e entra na circulação fetal. Daí, alcança o cérebro do feto. Os recém-‑nascidos de mães fumadoras denotam sintomas de abstinência.

É preciso realizar um check-up médico regular: uma vez por ano,
um raio-X torácico, ou cada seis meses, se se fumar mais de dois maços por dia. Também é preciso verificar anualmente a garganta, laringe, capacidade vital e coração.

P: Os fumadores que não inalam o fumo são dependentes?
R: A nicotina é a principal substância responsável pela dependência de tabaco. A nicotina está presente em todo o fumo de tabaco, quer provenha de um cigarro, cachimbo ou charuto. A nicotina é absorvida pelas membranas mucosas do nariz, boca e garganta. Deve ser entendido que o resto do fumo é, de qualquer modo, inalado. Este fumo inalado não intencionalmente, mesmo uma “passa” de cigarro, causa vício e, logo, dependência.

P: Os novos métodos de secagem das folhas de tabaco resultaram num aumento da venda de cigarros porque os fumadores tornaram-se dependentes. Porquê?
R: No princípio, as folhas de tabaco eram secas no campo, depois em celeiros e mais tarde usando canos de aquecimento. Ao melhorar os métodos de secagem do tabaco, chegou-se ao resultado de obter tabaco mais suave. Os pulmões toleravam melhor este fumo e a absorção de nicotina melhorou. Como resultado, mais pessoas se tornaram dependentes.

P: Que quantidade de nicotina passa de um cigarro para o sangue de um fumador?
R: Existe uma grande diferença nessa quantidade, dependendo do tipo de cigarro (alto ou baixo teor de nicotina), do modo de fumar (número de “passas” por minuto), e da profundidade de inalação. A nicotina de um cigarro sem filtro circula por diversas vias: 70% são queimadas ou escapam pelo fumo marginal; 5% permanece na beata do cigarro; os restantes 25% são inalados com o fumo principal.

P: O que pode ser feito para aliviar os sintomas de abstinência? A pastilha elástica de nicotina ou o adesivo de nicotina ajudam?
R: A única forma de aliviar os sintomas é administrar nicotina através de qualquer forma que não seja fumar, o que também é perigoso. As pastilhas elásticas e os adesivos que contêm nicotina têm sido úteis, pois não têm substâncias que causem cancro, enfisema ou outras doenças. Elas ajudam realmente a diminuir os sintomas de abstinência; mas não o ajudam totalmente a deixar de fumar, pois continua a dependência da nicotina. Porque não realizar a tarefa completa e ver-se livre de fumar e da nicotina de uma vez?

P: O que devo fazer se falhar na tentativa de deixar de fumar?
R: Então, é preciso realizar um check-up médico regular: uma vez por ano, um raio-X torácico, ou cada seis meses, se se fumar mais de dois maços por dia. Também é preciso verificar anualmente a garganta, laringe, capacidade vital e coração.

P: O que é o “efeito de fundo do vale”?
R: Este é um fenómeno que tem lugar quando um fumador tenta parar, reduzindo o número de cigarros. Por exemplo, um fumador que tem fumado dois maços por dia e decide parar. Ele planeia reduzir gradualmente o número de cigarros que fuma por dia, até cortar completamente. Eis o que acontece a quase todos os fumadores que tentam este método: a linha verde mostra que a quantidade fumada variará de dia para dia, por vezes mais, por vezes menos. Geralmente, a tendência é para baixar, até se atingir um nível para além do qual parece impossível descer. Este é o nível que fornece ao fumador a satisfação mínima, sem causar desconforto ou ânsia, e varia de indivíduo para indivíduo. Esta “pedrada” mínima poderá ser de 15, 10, 7 ou mesmo apenas 4 cigarros. Seja o que for, logo que o fumador desça do seu mínimo, começa a experimentar os desagradáveis sintomas de abstinência e já não irá reduzir mais o número de cigarros fumados. Neste momento, ele terá de cortar todos os cigarros ou não terá conseguido deixar de fumar. Este número mínimo de cigarros que provê uma “pedrada” é o seu limite mínimo, o seu “chão”, o seu “fundo”, sendo consequentemente este fenómeno chamado “efeito de fundo do vale”. S&L


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Luís S. Nunes
Sociólogo