O DEFENSOR DO CORPO


Escondido atrás das costelas, do lado esquerdo do abdómen e aninhado entre o estômago, o rim esquerdo e a volta do cólon, encontra-se um negligenciado amigo da saúde – o baço. Ele ajuda a purificar o sangue, eliminando germes, liberta-o de células doentes ou perigosas e é forte para defender o organismo contra invasores. Como se vê, o baço merece, realmente, uma atenção especial.
Nos jovens adultos, esse órgão esponjoso e de cor púrpura pesa normalmente cerca de 170 gramas. Depois, lentamente, vai diminuindo até cerca de 120 gramas nos idosos. Normalmente, tem o tamanho de um punho, 12 x 7 x 3,5 cm, e é um pouco maior nos homens. Se o baço estiver envolvido numa luta grave, poderá aumentar dramaticamente, variando com o estado de saúde do seu dono. 
Microscopicamente, pode ver-se que o baço está envolto e protegido por uma fina cápsula de cerca de 1,5 mm de espessura. No ser humano, essa cápsula tem poucas fibras musculares. Cerca de um quarto do baço é formado por uma polpa branca que tem ligação com a sua função imunitária. O restante é uma polpa vermelha, com funções vasculares.
Muitas fibras nervosas do sistema nervoso simpático fornecem ao baço as informações vindas dos sistemas nervoso central e periférico. Este suprimento é crucial para lidar com todas as espécies e graus de stresse. Da mesma forma, fibras do nervo vago fornecem comunicação valiosa para processos importantes e em emergências. Não é de admirar que o baço fique maior durante a digestão, pois o nervo vago é dominante na actividade digestiva normal.
Durante uma emergência, o baço encolhe. Num homem, os nervos simpáticos podem dar ordens aos vasos sanguíneos do baço para se contraírem, especialmente às “veias de grande capacidade”. Em questão de segundos, isso dá ao corpo uma transfusão de sangue renovadora para as emergências.
Agora sabemos que o sistema nervoso com o seu comunicador massivo, o sistema hormonal endócrino, superintende o sistema imunitário. Os órgãos não são ilhas, são “membros”. Em consequência, o estado de ânimo de alguém pode influenciar o estado do sistema imunitário.
O baço filtra mais de um copo de sangue por minuto. Ele trava uma batalha magnífica para limpar o nosso sangue de germes, células não desejadas e substâncias que não lhe pertencem. O baço saudável também contém mais de um copo (300ml) de sangue com um terço de todas as plaquetas do corpo, bem como milhões de glóbulos brancos (imunitários, ou soldados), prontos a serem imediatamente despachados para a linha da frente.

Fortaleza do Corpo
O sistema imunitário identifica e defende o nosso corpo nas suas mais de 120 triliões de células vivas, contra invasores. Porque é isso necessário? Quando os germes invadem as barreiras da pele externa ou interna e conseguem passar pelas barricadas dos nódulos linfáticos, penetram, por fim, nas cidadelas e esgueiram-se para o sangue. São, depois, arrebatados e levados numa viagem pelo corpo, até serem detidos pelo baço.
Para isso, o baço produz substâncias como complemento para ajudar a matar os invasores. Esse material pode causar uma cascata de reacções, culminando na morte do inimigo. A batalha pode tornar-se tão renhida que, quando parece perdida, o baço até pode recorrer à dilatação de si mesmo, adicionando milhões de soldados extras.
Nesses casos, pode ocorrer a esplenomegalia, isto é, o baço torna-se cada vez maior. Com a malária crónica, o baço chega a pesar oito quilos. Ele causa pressão sobre a parte superior esquerda do abdómen, por baixo do estômago.
Ao defender o sangue, o baço usa as células T para atacar o inimigo com imunidade celular e com todas as armas biológicas disponíveis. Ele usa, também, as células B para lutar quimicamente contra os invasores. Materiais pegajosos chamados “aglutininas” são colados aos germes, não só para que se colem uns aos outros, mas aos anticorpos imunitários. Os cachos assim formados são chamados complexos imunitários. Então, grandes lutadores chamados macrófagos podem ingeri-los e “cuspir” as partículas moleculares. O fígado, que fica mais abaixo, também participa do processo de livrar o organismo dessas partículas.
O baço também tem a capacidade de fazer anticorpos de proteínas para se adaptarem perfeitamente às partes dos germes invasores. Não só isso, mas também é um incubador amigável onde os linfócitos se fornecem de mais linfocíticos, feitos por medida para as batalhas futuras com tipos de germes específicos. “Células de memória” recordam exactamente que munição e armas devem utilizar para matar um determinado germe. É óbvio que o baço foi maravilhosamente projectado para defender o nosso sangue contra invasores.

Controlo de Qualidade
Quando um glóbulo vermelho velho, rígido e desgastado atravessa o baço, fica preso. A malha filtrante tem orifícios de apenas 0,2 a 2,5 milímetros de tamanho. As células que não são flexíveis ficam presas. Se não for possível limpá-las, são desintegradas ali mesmo. Esse processo chama-se selecção e acontece noutras áreas do corpo: o ferro envelhecido é reciclado na medula dos ossos para fabricar glóbulos vermelhos novos em folha; o fígado usa outras partes moleculares para fabricar a bílis.
Depois, há a questão do material estranho dentro dos glóbulos vermelhos bons. O baço testa estas células, e se encontrar pontos estranhos ou defeitos, elas são enviadas para a oficina esplénica onde são processadas individualmente e lhes são retirados esses pontos. Se o baço de alguém for fraco, o sangue apresentará um controlo de qualidade dos glóbulos vermelhos deficientes, em que foram deixados demasiados pontos em mau estado (corpos Howell-Jolly).
Outra coisa interessante que o baço faz é apanhar novos glóbulos vermelhos, chamados reticulócitos, e criá-los até chegarem à maturidade, removendo o excesso de membrana externa. Ficam, então, prontos para actuar, sendo libertados para fazerem um turno de 120 dias de trabalho.

Problemas no Baço
Assim como qualquer órgão, o baço pode ter problemas. Ele pode ficar desarranjado e disfuncional, danificando o sangue em vez de o ajudar. Pode destruir demasiadas células boas, até a pessoa estar com um problema grave, tal como anemia ou hemorragia.
Acidentes de moto ou qualquer outra pancada seca perto podem causar ruptura no baço. Os cirurgiões de hoje tentam salvar o baço até mesmo por meio de operações delicadas, em vez de optarem pela antiga remoção. Às vezes, pode ser usada uma rede especial para preservar as suas funções.
Infecções, inflamações e alcoolismo também podem obstruir a drenagem venosa, dilatando o baço e causando muitos estragos ao órgão. Doenças sanguíneas graves também podem danificar o baço. Linfomas, doença de Hodgkin e doenças metastáticas podem afectá-lo. Muitas outras condições podem também ter um impacto sobre ele, requerendo a ajuda de especialistas; um bom diagnóstico é, portanto, imprescindível e, a longo prazo, mais económico e merecedor de todos os esforços.


Para cuidar do baço
O cuidado com o baço e a prevenção de problemas com essa máquina fantástica envolvem vários aspectos. Anote:
Manutenção.
As medidas de saúde e estilo de vida em geral são básicas. Ar fresco, sono profundo e regular, água, exercício físico e alimentação saudável – são hábitos de saúde bons e clássicos que ajudam o organismo fisiologicamente.
Mecânicos.
Roupa interior ou cintos apertados de qualquer tamanho ou feitio que comprimam otórax ou a cintura podem comprometer o bom funcionamento do baço. O seu funcionamento normal necessita de liberdade para mudar de tamanho
Psicológicos.
Como os nervos controlam o baço, quanto mais saudáveis estiverem, melhor é o seu funcionamento. Por isso, cuide da sua saúde emocional.
Vasculares/hidroterapêuticos.
Quanto melhor for o sangue, melhor o baço trabalha. Na hidroterapia, quando colocar uma fomentação sobre o peito, cubra também a área tímica que fica por baixo da parte superior do esterno, a área do fígado na parte superior direita do abdómen e o baço, na parte superior esquerda do abdómen.
Oxigenação.
Seja cuidadoso com o oxigénio. As pessoas doentes e os seus amigos apenas sobrevivem com ar estagnado. Abra um pouco as janelas para se manter saudável. O ar estagnado compromete o funcionamento do cérebro e do organismo. Isso compromete a vitalidade do sangue. Respirar profundamente o ar fresco, recarrega as baterias das células imunitárias que lutarão com redobrada força.
Implicações imunitárias.
Não use álcool, tabaco, marijuana, cocaína, cafeína, e medicamentos receitados em farmácias, que prejudicam o sistema imunitário e outros sistemas do organismo. Evite doces refinados e diminua o consumo de gorduras. Prefira uma alimentação vegetariana, rica em cereais integrais, vegetais amarelos e verdes, folhas e frutas.

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